Juliette parece ter perdido a identidade artística que esboçou há quatro anos. Quando estreou como cantora com o EP lançado em 2021, impulsionada pelo sucesso no Big Brother Brasil, a artista paraibana deixou uma boa impressão, mesmo sem uma musicalidade marcante. Seu canto transmitia verdade e doçura, reforçado por um repertório de forte sotaque nordestino – marca ainda presente no disco Caminho ao Vivo (2022).
No entanto, a partir de Ciclone (2023), seu primeiro álbum de estúdio, Juliette começou a se moldar a um padrão pop que diluiu sua identidade. E, a julgar pelos dois singles duplos lançados neste início de 2025, essa perda de autenticidade parece se acentuar no segundo álbum de estúdio da artista, previsto para abril pela Virgin Music Group.
O primeiro single duplo, Esquenta, lançado em 30 de janeiro, trouxe Boyzinho e Quarto proibido – faixas voltadas para baladas, mas marcadas por uma sensualidade forçada. A mesma artificialidade se mantém no segundo single, Farra, divulgado na noite de 20 de fevereiro com as músicas Me pega e Eu vou aí.
Me pega aposta na batida do pagodão baiano com a banda Àttooxxá e a participação de Márcio Victor, do Psirico. Já Eu vou aí traz a cadência do forró e a voz de Henry Freitas, um dos nomes em ascensão no gênero.
Apesar da diversidade rítmica, as faixas soam excessivamente produzidas, sem espontaneidade – uma característica também evidente nos lançamentos de janeiro. Tudo indica que o próximo álbum seguirá essa fórmula industrializada, onde a emoção dá lugar à artificialidade.