No histórico show de Lady Gaga para 2,1 milhões de pessoas na Praia de Copacabana, muita gente nas redes sociais levantou dúvidas sobre o uso de playback. Comentários como “ela está dublando” ou “nada foi ao vivo” foram comuns. Mas a realidade é um pouco mais complexa.
Sim, Gaga utilizou vocais gravados — prática comum em grandes produções. Mas ela também cantou ao vivo durante boa parte da apresentação. Isso ficou evidente em momentos em que sua respiração ofegante se misturava à música, especialmente após coreografias intensas. Além disso, a presença de uma banda completa no palco reforçou a entrega ao vivo do espetáculo.
Vale entender melhor como funcionam os sons gravados em shows de grande porte:
- É normal que artistas usem sons e vozes pré-gravadas como apoio, para preencher espaços e dar mais impacto à performance;
- Isso inclui bases instrumentais, vocais de apoio e efeitos sonoros produzidos em estúdio;
- Isso não significa que o artista está apenas dublando ou fingindo cantar: os vocais principais geralmente são ao vivo, com as gravações funcionando como suporte;
- Dublagem completa, em que o artista apenas finge cantar, é mais comum em contextos como programas de TV ou eventos altamente coreografados, como o intervalo do Super Bowl.
No caso de Lady Gaga, as vozes gravadas incluem backing vocals e reforços das próprias gravações dela — já que ela não conta com um coral de apoio no palco. Mas ela canta ao vivo, com as variações naturais de um show real, incluindo emoção, respiração e até pequenas imperfeições.
Algumas artistas pop deixam claro quando estão usando gravações — afastam o microfone da boca, por exemplo. Gaga não faz isso. Ela usa um microfone de headset, o que a obriga a integrar tudo à performance. O resultado é uma apresentação mais fluida e teatral.
E foi exatamente isso que ela entregou no Rio: uma performance sólida, precisa, sem falhas visíveis e com grande impacto visual e conceitual. Gaga apostou em uma atmosfera densa e gótica, deixando de lado um repertório “best of”. Com o novo álbum Mayhem, ela voltou ao pop experimental dos seus primeiros discos e recusou o caminho mais fácil.
A estética sombria e os simbolismos fortes criaram uma espécie de “ópera gótica” moderna, emocional e intensa — e tudo isso, com voz, corpo e presença ao vivo.